Uma prática cada vez mais desenvolvida no Brasil.
Agricultura Familiar
A diversidade produtiva e a eficiência na produção fizeram com que o município de Giruá fosse intitulado como “Capital da Produtividade”, título esse que a cada safra se confirma. O município, segundo dados do IBGE de 2016, possui uma área territorial de quase 856 mil km². A cidade encanta pelos campos voltados à produção agrícola e pecuária. Percorrendo o interior do município, mais precisamente a Porteira Santa Rosa, localiza-se a Granja Sabiá, propriedade da família Brouwers onde a tradição da agricultura familiar é cultivada.
Henri Brouwers, proprietário da granja, vive no local junto ao pai Mateus Brouwers, de quem herdou parte da propriedade, da esposa Suzete, filha Caroline e do filho Felipe. Fernando, o filho mais velho, estuda agronomia em Itaqui e também ajuda na localidade. Henri e a família administram 110 hectares. Além do cultivo de hortaliças e frutas, há também a produção agrícola com o cultivo de soja, trigo, canola, painço e linhaça.
Segundos dados do IBGE do ano de 2006, quando foi realizado o último censo agropecuário, o número de propriedades de agricultura familiar em Giruá era de 1.181 famílias, o que correspondia a uma área de quase 22 mil hectares. Já o número de propriedades do tipo não familiar era de 245 estabelecimentos e correspondia a quase 45 mil hectares. O Censo demográfico de 2010 apontou que a população total equivalia a 17.075 pessoas e o número de endereços correspondia a 7.695 na cidade e 2.142 no interior. A população urbana perfazia 12.907 e a rural 4.168.
Em 2017 a Emater/RS-Ascar, levou assistência técnica e extensão rural a mais de 20 mil famílias das regiões Fronteira Noroeste e Missões. No município de Giruá, até novembro, foram assistidas mais de 480 famílias.
A família Brouwers se destaca pela produção de hidropônicos, como a alface, rúcula, almeirão, pimentão, salsa, couve flor, pepino japonês, e pela produção semi-hidropônica de morangos, os quais fazem sucesso na cidade. O cultivo dos produtos é realizado em estufas, o que garante uma melhor qualidade e rapidez na colheita. Pela técnica hidropônica, a planta é germinada na água, a qual lhe fornece todos os nutrientes necessários para o crescimento. Para isso são utilizadas três caixas de água, onde os nutrientes são misturados e levados até os canos em que as plantas estão para que elas se fortifiquem e germinem. Segundo Suzete Brouwers “a produção hidropônica é mais rápida que a produção tradicional, na terra. A alface na hidroponia demora de 15 a 20 dias para atingir o tamanho ideal, já na terra esse tempo pode demorar o dobro, sem contar que o produto é mais limpo e nas estufas não é necessário a capinagem, apenas a limpeza dos canos onde os produtos são plantados.”
Henri declara ter investido em sua propriedade cerca de 110 mil reais nas seis estruturas das estufas de hidroponia, são duas duplas e duas individuais, junto à produção na terra são cultivadas cerca de dois hectares de hortaliças.
Já me imaginei fazendo muita coisa, mas não gostei. Aquilo que eu não gosto não faço. Já tive criação de porco, larguei, nunca gostei de leitaria, gosto de tomar leite, mas não gosto de leitaria. Então é assim, sobrevivemos com o que produzimos na propriedade, nada além disso, temos que produzir para nos manter e para ter fator de crescimento se não desvaloriza tudo.
- Henri Brouwers
Dentro das hortaliças temos alface, rúcula, agrião, almeirão, repolho, beterraba, morango, abobrinha, pepino salada, melão e melancia. Tem coisas que são só na época, como o tomate e o pimentão, e tem outras coisas que tem o ano todo. O carro chefe é a alface, a rúcula, o agrião e o almeirão, isso é o que não pode faltar nunca, é o marketing de trabalho, não por ser mais rentável, mas por sempre ter procura.
- Henri Brouwers
Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (2014) revelam que a agricultura familiar tem a vocação de produzir alimentos e fomentar emprego rural. Compreende 4,3 milhões de unidades produtivas e 14 milhões de pessoas ocupadas, o que representa em torno de 74% das ocupações no campo. Além disso, é o principal esteio da segurança alimentar nacional, sendo responsável pela produção de alguns dos produtos mais importantes da alimentação: feijão (70%), leite (54% do bovino), mandioca (84%), milho (49%), aves e ovos (40%) e suínos (58%). Estes produtores e seus familiares - especialmente dos 4.928 municípios com menos de 50 mil habitantes - são responsáveis por inúmeros empregos no comércio e nos serviços prestados. A melhoria de renda deste segmento, por meio de sua maior inserção no mercado, tem impacto importante no interior do país e por consequência, também nas médias e grandes cidades. Na região noroeste do Rio Grande do Sul são produzidos principalmente soja, milho e leite, além de uma ênfase especial na produção de alimentos para consumo próprio das famílias.
“A importância da agricultura familiar se reafirma diante de dados que apontam que mais de 70% dos alimentos são produzidos pela agricultura familiar no Brasil. Além disso, no país, 84.4% dos estabelecimentos rurais são da agricultura familiar. Por geralmente utilizar métodos mais sustentáveis de produção, a agricultura familiar contribui também para um contexto de segurança e soberania alimentar, apresentando ao consumidor uma grande diversidade de alimentos diferenciados.” declara o engenheiro agrônomo, Marco Junges.
A Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) destaca a importância da agricultura familiar pelos seguintes motivos: A agricultura familiar e de pequena escala estão intimamente vinculados à segurança alimentar mundial. Preserva os alimentos tradicionais, além de contribuir para uma alimentação balanceada, para a proteção da agro biodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais. Representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com políticas específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar das comunidades.
Todos os dias são colhidos da propriedade produtos frescos e entregues pessoalmente por Henri Brouwers aos mercados e supermercados do município.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marco André Junges, a agricultura familiar mais do que uma profissão retrata a preservação de um modo de vida, uma relação que aproxima trabalho, família, lazer, da vida em seu olhar sistêmico interligada com o lugar onde se mora, trabalha, vive. “Para estarem à disposição nas prateleiras dos supermercados, os alimentos são semeados e cuidados com esmero por homens e mulheres do campo. São agricultores familiares, segmento da sociedade tão importante, mas que há pouco tempo passou a ser reconhecida a importância que sempre teve.”
Giruá é um município de grande produção nas lavouras permanentes e temporárias, assim como mostram as tabelas abaixo.